domingo, 12 de junho de 2016

Lilicando

Fotografia de Mike Baird



Por: Lílian Pinho

Natacha

Era o verão mais quente e seco dos últimos anos. E naquela tarde de Sábado ultrapassava os 40°. Após uma semana cansativa de trabalho, tudo o que Natacha queria era sentir-se em casa e relaxar. Enquanto zapeava a TV distraída, observava as unhas por fazer. Lembrou também que a pia estava cheia de pratos, mas que poderiam esperar. O celular vibrou novamente, mais uma mensagem acabava de chegar. Verificou sem nenhum entusiasmo. Era sua amiga Débora chamando para saírem à noite. Não, ela não estava a fim de sair, disso tinha certeza. Repentinamente parou em um canal que passava um filme, largou o controle, puxou o travesseiro e se ajeitou na cama.

Um casal discutia, Natacha tentava adentrar a história, analisava o cenário. A interpretação dos atores a convencia estava atenta e curiosa. Em meio à briga um tapa, o estalido da mão da jovem em contato com a face do rapaz, veio acompanhado por um silêncio que parecia interminável.  Natacha aguardava ansiosa pelo desfecho daquela situação. Foi quando o personagem agarrou a mocinha pela cintura, puxando-a contra o corpo dele. A princípio ela reagiu, tentou escapulir e se debatia em meio aos braços que a entrelaçava. Mas quando os lábios dele tocaram os dela não houve mais reação contraria.  Ambos ansiavam um pelo outro, a entrega era mútua. Beijos cada vez mais ávidos e intensos ultrapassavam as barreiras da tela e atingiam Natacha.

Ela estremeceu, sentiu um calor percorrer todo o seu corpo, um desejo forte e crescente a consumia de fora para dentro, de dentro para fora. Cada célula do seu corpo pulsava. Imaginava ser ela naquela cena. Usava um babydool vestido de cetim preto com rendas nas extremidades. Começou a se acariciar, seus seios estavam intumescidos, os bicos petrificados, ela suspirou longamente, suas mãos desceram procurando o seu sexo que já estava úmido. De olhos fechados ela se tocava voluptuosamente.  De repente um som ecoou no quarto. Era a campainha.  Natacha se assustou e entre a irritação e frustração por ter sido interrompida em sua transa solitária, levantou um tanto atordoada. Enquanto procurava o Robe para vestir imaginava quem poderia ser o inconveniente. Foi até a porta resmungando. Através do olho mágico não reconhecia a pessoa, chegou à conclusão que se tratava de um estranho – Era só o que faltava, um desconhecido.

- Boa tarde, desculpa incomodar. É que eu acabei de chegar de viagem e não tem ninguém em casa. Enquanto ele meio sem jeito apontava a casa da frente. Natacha examinava o homem da cabeça aos pés.  Ele prosseguia – Seu vizinho, o Eduardo, ele é meu irmão. Não nos vemos há algum tempo, quis fazer uma surpresa, tolice a minha. Deveria ter avisado! Ela percebendo que o homem estava constrangido com a situação foi complacente.

- Você tentou o celular?
- Sim, eu tentei. Ele não atende.
- Que chato.
(silêncio)
- Você tem visto ele ultimamente, quer dizer, você...
- Desculpe, mas nós não temos nenhuma aproximação. Eu não sei te dizer...
- Tudo bem, eu não quero te atrapalhar. Vou esperar até que ele chegue.

Natacha ficou pensativa por um momento. O estranho era alto, forte, mas não musculoso. Os pelos do rosto estavam começando a crescer, isso o deixava sexy. Tinha lábios bem torneados e carnudos. Suaves linhas de expressão na testa e canto dos olhos. Cabelos levemente grisalhos, alguns fios caiam com charme na testa. Deveria ter uns 40 anos. Vestia uma camisa manga ¾ de cor azul, a sua preferida. Calça jeans, cinto e sapatos Mocassim em couro preto. Em momento algum ele retirou a mão da alça da mala que trazia consigo.  Com certeza ele estava chegando de outra cidade, quem sabe país.

- Está muito quente aqui fora. É melhor você entrar e esperar por ele aqui.
- Não, eu não quero te incomodar.
- Eu faço questão – Natacha! Disse seu nome enquanto estendia à mão para cumprimentar o até então, estranho.
- Roberto, prazer Natacha!

A porta se fechou e Roberto sentiu-se aliviado no ambiente climatizado. Respirou um leve aroma de [1] Vanilla. As paredes tinham cor azul, transmitia paz e quietude. Do lado esquerdo próximo à janela tinha um aparador de madeira e vidro, um vaso de flores e uma escultura dourada de Buda. Havia uma pilastra com umas palavras escrito em [2] Katakana. Não sabia o significado. Depois de examinar o lugar direcionou sua atenção para a bela acolhedora que o convidava a sentar.

- Eu ouvi falar que no Brasil estava quente, mas não imaginava o quanto.
- O verão mais quente dos últimos 71 anos. Em qual país estava?
- Estados Unidos, Houston.
- E como é o clima de lá?
- No verão pode ultrapassar os 35°, mas o tempo é instável. Já no inverno a temperatura em média 12° com mínima de 7°.
- Não me acostumaria com temperaturas tão baixas (sorriso) – Há quanto tempo está lá?
- Oito anos.
- E o que você faz?
- Trabalho em uma indústria energética.

A conversa fluía amistosa, e os dois estavam interessados e curiosos a respeito um do outro. Natacha tinha 30 anos, paisagista há 10. Estava sozinha e sem transar a cinco meses, desde que terminou um relacionamento de dois anos. Tinha um corpo curvilíneo, típico de mulher brasileira, coxas grossas, quadril largo e uma bunda que causava inveja até as suas amigas mais intimas. Era uma mulher bonita de personalidade agradável. A certa altura da conversa os dois já bem à-vontade e relaxados. Lembrou-se de oferecê-lo algo para comer. Mas ele recusou dizendo que havia comido no avião, ela então perguntou se queria beber algo, sugerindo um suco, café, vinho. Roberto disse que um vinho seria bom. Quando Natacha levantou, ele acompanhava o movimento dos seus quadris imaginando cada curva, cada traço debaixo daquele Robe.

A conversa continuou ainda mais animada, entre goles de vinho, sorrisos agora carregados de malicia e olhares provocantes. Natacha se remeteu aos momentos antes da companhia tocar. Mergulhou os dedos na taça de vinho e molhou os lábios olhando fixamente para Roberto. Ele foi à sua direção, tirou a taça de suas mãos, colocou no chão e agarrou-a com força. Os dedos de Natacha deslizavam do topo da cabeça até a nuca dele, suas línguas se enroscavam numa dança frenética, os lábios sugavam-se com enorme prazer enquanto se despiam, as peças iam sendo tiradas e atiçadas uma a uma. Ela oferecia-lhe os próprios seios, como uma mãe que alimenta o filho. Ele chupada e mordiscava arrancando-lhe sussurros e gemidos. Quando ele abriu-lhe as pernas e começou a chupar seu sexo, Natacha parecia desfalecer. E por alguns segundos agradeceu a si mesma por ter se depilado no dia anterior. Roberto explorava aquela xaninha raspadinha, lisa, quente e cheirosa sem nenhuma presa. Aproveitando cada centímetro daquela flor desabrochada. Ela perecia uma cachoeira de tão molhada, e aquilo deixava Roberto explodindo de excitação. Já estava doido para mergulhar naquele rio, quando Natacha como se lesse seus pensamentos o interrompeu o melhor sexo oral da sua vida. Ergueu o corpo indo de encontro ao dele. Seus seios petrificados e rígidos roçando naquele peito peludo provocava uma sensação de abrasamento. Olhou para ele e disse:

- Me foda.

Assim, com duas palavras ditas com tamanha certeza e ânsia de realização, Natacha teve seu pedido atendido. Ele penetrou aquela gruta de prazer com movimentos intensos e ritmados, que iam aumentando na medida em que o prazer crescia dentro deles. Aquela mistura de fluídos, o cheiro de seus sexos no ar, os suores misturando-se, a melodia dos gemidos que os conduzia para o momento do apogeu. Quanto mais ele entrava e saia de dentro dela, mais atiçava sua lascívia. Ela parecia insaciável. E a demora para atingir o clímax era uma deliciosa tortura. O gozo de Roberto veio intenso num jato forte e farto, encharcando-o por completo que alegre e satisfeita deitou e dormiu.
Roberto permaneceu hospedado na casa do seu irmão por 20 dias. E nesse período Natacha pode realizar todas as suas fantasias. 

FIM




[1] É um gênero de plantas trepadeiras pertencentes à família das Orquidáceas. É encontrada em zonas tropicais e congrega cerca de 109 espécies. A partir dos frutos de algumas espécies obtém-se a especiaria comercialmente conhecida como baunilha.
[2] É um dos silabários empregados na escrita japonesa junto com o hiragana. Atribui-se sua invenção ao monge Kukai o Kobo Daishi – Fonte: Wikipédia.


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