Mais do que agradar a vista, alguns alimentos são
capazes de protegê-la contra os desgastes do tempo. Três novíssimos estudos
revelam por que priorizar certos nutrientes no dia a dia afasta doenças sérias
e prolonga a vida útil da visão.
Minutos antes de desfrutar de um banquete, os olhos
disputam com o nariz a condição de primeiro sentido a aguçar o apetite.
Abertas, as janelas da alma captam as cores e os detalhes da entrada à
sobremesa. Mas, se elas começam a emperrar, o prato vistoso perde uma pitada da
graça. Para que, no depender da visão, as refeições continuem atraentes, saiba
que existem certos alimentos com o poder de preservar os olhos por anos e anos.
Recém-saído do forno, um estudo da Universidade de Melbourne, na Austrália,
comprova que o consumo regular de peixes, redutos de ômega-3, diminui o risco
de degeneração macular relacionada à idade, problema que pode levar à cegueira.
"Altas doses dessa gordura são encontradas na
retina e precisam ser constantemente renovadas. O déficit dela, portanto, pode
favorecer o aparecimento da doença", justifica Elaine Chong, uma das
autoras do trabalho, que avaliou mais de 6 mil pessoas de 58 a 69 anos. Outra
pesquisa em solo australiano, essa da Universidade de Sydney, endossa a
conclusão dos seus conterrâneos. Após investigar quase 2 500 voluntários num
período de dez anos, os cientistas notaram que comer pescados no mínimo uma vez
por semana já reduz a probabilidade de ver a mácula sofrer.
"O ômega-3 é importante para preservar os
pequenos vasos que irrigam os olhos e ainda protege a retina contra
inflamações", explica a epidemiologista Vicki Flood, que participou da
pesquisa. De acordo com ela, não são apenas os peixes que merecem entrar no seu
prato: as nozes também são guardiãs da visão. Dois punhados por semana
aumentariam o escudo contra o declínio da mácula. O azeite de oliva é outro
exemplo. Assim como as oleaginosas, seu benefício vem da mistura de gorduras
saudáveis e substâncias antioxidantes — aquelas capazes de atenuar os efeitos
do tempo no olhar.
As gorduras benéficas selecionadas para o cardápio
ainda mantêm um elo com a lubrificação do globo ocular. E quem sobressai de
novo é o ômega-3, consagrado no combate ao olho seco. "Esse problema é
causado por uma mudança na composição da lágrima que umidifica a córnea. Ela
então passa a evaporar mais depressa", explica o oftalmologista Maurício
Barros, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo. Como os lipídios são
ingredientes desse líquido, há evidências de que o ômega dos peixes e da
linhaça contribua para restabelecer a receita ideal.
Visão
sem ferrugem
Os radicais livres, moléculas que, em excesso,
danificam as células do corpo, não poupam os olhos — com os anos, eles sentem
os efeitos do que os cientistas chamam de estresse oxidativo. "No fundo, a
degeneração macular é resultado do acúmulo de oxidação numa porção da
retina", exemplifica Nilva de Moraes. Embora o organismo saiba se defender
na maioria das vezes, a alimentação pesa muito no desfecho do embate.
Daí por que investir nos antioxidantes, como as
vitaminas C das frutas cítricas e E das nozes e castanhas, faz diferença para
evitar que a visão enferruje. Mas há nutrientes com essa propriedade que
prestam um serviço ocular exclusivo, afastando, entre outros males, a catarata
(veja o quadro abaixo). É o caso da luteína, presente nas folhas verde-escuras,
e da zeaxantina, encontrada no milho. A mesma equipe da Universidade de Sydney
que analisou o papel das gorduras na saúde visual já havia percebido que essa
dupla protege contra a degeneração macular. "A luteína e a zeaxantina se
depositam seletivamente na retina, onde se concentra a maior parte dos
receptores de luz", explica a engenheira de alimentos Giovanna Pisanelli
de Oliveira, da Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp. "Ali, elas
também atuam como filtros contra a luz azul, uma radiação que lesa os nervos
ópticos."
Relação
dos alimentos:
Cenoura
Espinafre
Mamão papaia
Brócolis
Abóbora
Couve-de-bruxelas
Pêssego
Pimentão
Damasco
Ervilha
Linhaça
Sardinha
Salmão
Nozes
Azeite de Oliva
Leite
Ovos
Fígado
Espinafre
Mamão papaia
Brócolis
Abóbora
Couve-de-bruxelas
Pêssego
Pimentão
Damasco
Ervilha
Linhaça
Sardinha
Salmão
Nozes
Azeite de Oliva
Leite
Ovos
Fígado
Um capítulo à parte é a vitamina A. Na cenoura, na
abóbora e no tomate deparamos com o betacaroteno, substância que é transformada
na vitamina dentro do corpo. Sua versão prontinha é oferecida pelo leite, pelos
ovos e pelo bife de fígado. "Essa vitamina ajuda a manter a lubrificação
dos olhos e é componente de um pigmento que nos permite enxergar com pouca luz
ou no escuro", conta a nutricionista Cláudia Saunders, da Universidade
Federal do Rio de Janeiro. Daí que a carência do nutriente causa cegueira noturna
principalmente entre crianças e, em casos graves, leva à perda total da visão.
Nem tudo o que alegra os olhos lhes faz bem. As
guloseimas, por exemplo, não pedem parcimônia por acaso. Quem sempre se farta
de muffins como os da foto ao lado, biscoitos, salgadinhos e companhia também
comete um atentado ocular. E o vilão aqui é nada mais nada menos que a gordura
trans. O trabalho da Universidade de Melbourne prova que, ao longo dos anos,
ela multiplica a probabilidade de um indivíduo sofrer de degeneração macular.
"A trans está ligada a níveis desregulados de gordura no sangue e a
processos inflamatórios, condições que aumentam o risco da doença", afirma
a professora Elaine Chong. "A degeneração da mácula é marcada pelo
aparecimento de vasos sanguíneos anormais e por uma constante inflamação
local", esclarece o médico Walter Takahashi, que é chefe do setor de
retina do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Doce veneno
Os cientistas também desconfiam há um bom tempo que,
em demasia, o açúcar é outro fator prejudicial nessa história. Ora, são os
diabéticos que não controlam os níveis de glicose no sangue os principais alvos
de lesões que, no transcorrer de décadas, fazem a retina sucumbir. "As
células desse tecido não têm um mecanismo protetor contra altas cargas de
açúcar na circulação", explica a oftalmologista Jacqueline de Faria, da
Unicamp. "Nessa região, o excesso de glicose propicia a formação de
radicais livres e um processo inflamatório que levam a estrutura celular ao
colapso", completa.
Será que apenas os diabéticos deveriam maneirar nos
doces e nas massas para o bem dos olhos? É provável que não. Um novo estudo da
Universidade Tufts, nos Estados Unidos, atesta que dar preferência a alimentos
de baixo índice glicêmico — aqueles que não disparam repentinamente as taxas de
açúcar no sangue — é uma forma de resguardar a visão. A pesquisa foi realizada
com mais de 4 mil pessoas com alterações na mácula. A conclusão: manter os
níveis de glicose seguros por meio da alimentação retarda o avanço da doença.
"Falta decifrar agora detalhes dos processos que explicariam essa
proteção", comenta Jacqueline.
Enquanto aguardamos essa resposta, os cientistas
aconselham priorizar frutas, verduras e cereais. Não bastasse diminuir o tempo
de absorção do açúcar — e seus possíveis danos — esses alimentos são povoados
dos benditos antioxidantes. Contemplálos em sua rotina (e não apenas com o
olhar) significa enxergar mais longe, sem problemas à vista.
Cuide da saúde dos seus olhos. Vá ao oftalmologista.
Óticas do Povo
Av. Sete de Setembro, nº 400
Fundação Politécnica
Sb, loja 173
Ricardo Barreto
Fonte:
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